sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Estou procurando

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"...Estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda." [Clarice Lispector]





domingo, 26 de outubro de 2014

En Paz

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En Paz
                                                                                        Amado Nervo (1870-1919)

Muy cerca de mi ocaso, yo te bendigo, Vida,
porque nunca me diste ni esperanza falida,
ni trabajos injustos, ni pena inmerecida;

porque veo al final de mi rudo camino
que yo fui el arquitecto de mi próprio destino;
que si extraje las mieles o la hiel de las cosas,
fue porque en ellas puse hiel o mieles sabrosas:
cuando planté rosales coseché siempre rosas.

... Cierto, a mis lozanías va a seguir el invierno;
mas tú no me dijiste que mayo fuese eterno.

Hallé sin duda largas las noches de mis penas;
mas no me prometiste tan sólo noches buenas;
y en cambio tuve algunas santamente serenas...

Amé, fui amado, el sol acarició mi faz.

¡Vida, nada me debes! ¡Vida, estamos em paz!






sábado, 25 de outubro de 2014

Olhos claros

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"Jonas deu de ombros. Entrou com eles em casa, mas os olhos da criança-nova o tinham impressionado. Espelhos eram raros na comunidade; não eram proibidos, mas não havia realmente a necessidade de possuí-los, e ele nunca se dera ao trabalho de olhar muito para si, mesmo quando se encontrava num lugar onde existia algum espelho. Agora, vendo a criança-nova e a expressão do seu rosto, Jonas lembrou que os olhos claros não eram apenas incomuns, mas conferiam aos que os tinham uma certa aparência - de quê? De profundidade, decidiu ele; como se alguém olhasse para o fundo da água clara de um rio, onde poderiam estar à espreita coisas que ainda não tinham sido descobertas. Ficou encabulado, dando-se conta de que ele também tinha aquele tipo de olhar." [in O Doador de Memórias  <The Giver> de Lois Lowry]



sexta-feira, 24 de outubro de 2014

domingo, 19 de outubro de 2014

O Pássaro Cativo

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O Pássaro Cativo
Olavo Bilac (1865 - 1918)


Não  quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro
Na mata livre em que a voar me viste;
Tenho fresca num recanto escuro
Da selva em que nasci;
Da mata entre os verdores,
Tenho frutos e flores,
Sem precisar de ti!
Não quero a tua esplêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola
De haver perdido aquilo que perdi...
Prefiro o ninho humilde, construído
De folhas secas, plácido, e escondido
Entre os galhos das árvores amigas...
Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas?
Quero,  ao cair da tarde, 
Entoar minhas tristíssimas cantigas!
Por que me prendes?
Solta-me covarde!
Deus me deu por gaiola a imensidade:
Não me roubes a minha liberdade...
Quero voar! voar!




sábado, 18 de outubro de 2014

Ira

Imagem de Arquivo Pessoal

"A ira pode parecer muito destrutiva, mas, por sua própria natureza, ela foi feita para preservar as coisas boas, não destruí-las. Deus nos deu a ira para nos ajudar a fazer o amor florescer, não para matá-lo." [in 'O Segredo de Deus' (The Secret Things of God)  de Dr. Henry Cloud]


sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Música

Montagem em 15/10/2014



"Música é a ciência que pode fazer-nos rir, cantar e dançar." [Guillaume de Machaut]

domingo, 12 de outubro de 2014

Meu Pequeno Oratório

Fotografei em 19/09/2014



Meu Pequeno Oratório
Cora Coralina (1889-1985)


Minha Nossa Senhora das Graças
toda minha.
Das raízes e dos troncos.
Das florestas e das frondes.
Dos rios que correm para o mar
e dos corguinhos sem destino.
Dos altares, dos montes e  das grunas
Dos pássaros sem voo,
e das rolinhas bandoleiras.

Nossa Senhora das cigarras imprevidentes
que morrem de cantar
e das formigas previdentes
que morrem sem cantar.

Das abelhas rufionas
que vão de flor em flor
segredando de amor
e acasalando os polens.
Das cobras e dos tigres
que também têm direito à vida.

Nossa Senhora
dos maus e dos bons.
Profundamente minha
porque de todos os anônimos
bichos e gentes.

Nossa Senhora
da custódia das sementes,
lançadas ao léu da vida
germinando, crescendo, florescentes
ou morrendo perdidas na raleira.

Nossa Senhora das sementes...
Ajudai todas elas - boas e más
a bem cumprir seu destino
de sementes,
lançando do seu pequenino
coração vital
o esporo à raiz fálica
que as confirmarão na terra
e na sequência das gerações
através do tempo.

Nossa Senhora das raízes...

Eu sou a raiz ancestral,
perdida e desfigurada no tempo
obscura na terra
onde lutam, sobrevivem
e desaparecem todas
no esquecimento e no abandono.

Vigia para mim
e guarda em vida longa
todas as raízes novas
que vivem enleadas
às minhas
já gastas e amortecidas.

Abençoai, minha Nossa Senhora,
todos aqueles que foram e que se desfizeram
na obscuridade e no esquecimento
da árvore ingrata que os alimentou.

sábado, 11 de outubro de 2014

Água do Rio


Imagem da página "Jardim Secreto" do Facebook


"Já bebi água do rio
na concha da minha mão.
Fui velha quando moça.
Tenho a idade de meus versos.
Acho que assim fica bem.
Sou velha namoradeira.
Lancei a rede na lua,
ando catando estrelas." [in "Meu livro de Cordel" de Cora Coralina]


sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Amor cura

Montagem em 10.1.2014


"O amor cura as pessoas - tanto as que o recebem quando as que o dão." (Karl Menninger)



 

domingo, 5 de outubro de 2014

A Procura

Imagem de Arquivo Pessoal

A Procura
                                                            Cora Coralina (1889-1985)

Andei pelos caminhos da Vida.
Caminhei pelas ruas do Destino -
procurando meu signo.
Bati na porta da Fortuna,
mandou dizer que não estava.
Bati na porta da Fama,
falou que não podia atender.
Procurei a casa da Felicidade,
a vizinha da frente me informou
que ela tinha se mudado
sem deixar novo endereço.
Procurei a morada da Fortaleza,
Ela me fez entrar: deu-me veste nova,
perfumou-me os cabelos, 
fez-me beber de seu vinho.
Acertei o meu caminho.


sábado, 4 de outubro de 2014

Literatura

Fotografei em 04/10/2014


"Um livro que - exatamente por ser um livro - registra e difunde o prognóstico de McLuhan defende opinião oposta, assinada pelo professor Vítor Manuel de Aguiar e Silva: "a literatura não e um jogo, um passatempo, um produto anacrônico de uma sociedade dessorada, mas uma atividade artística que, sob multiformes modulações, tem exprimido e continua a exprimir, de modo inconfundível, a alegria e a angústia, as certezas e os enigmas do homem. Foi assim com Esquilo e com Ovídio, com Petrarca e com Shakespeare, com Racine e com Stendhal, com Eça e com James Joyce; continua a ser assim com Sartre e com Beckett, com Jorge Amado e com Nelly Sachs, com Norman Mailer e com Choloklov, com Miguel Torga ou com Herberto Hélder. E assim há de continuar a ser com os escritores de amanhã. Apenas variará o tempo e o modo." [in "O Que é Literatura" de Marisa Lajolo]


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Doação


Imagem de Arquivo Pessoal



"O espírito se enriquece com aquilo que recebe; o coração, com aquilo que dá." [Victor Hugo]