domingo, 31 de dezembro de 2017

Luz e Bondade

Arquivo Pessoal com duas imagens da Internet

Luz e Bondade
José Antonio Alves Neto


Quando para vós
Quando tudo
Estiver perdido

sempre haverá
solução
através da prece
constante,

do seu querer
a luz.

A luz 
se fará 
em vós.

Pois sois
Luz e Bondade
todas as virtudes
existem 
dentro de vós.

Porque vós
Eterna
única e una
fostes criada
para iluminar
as pessoas 
que orbitam em vós.

sábado, 30 de dezembro de 2017

Persistência

Arquivo Pessoal


"Nós sempre damos tudo de nós por pura diversão! Para alguns de nós, o prazer de uma perseguição e de um repentino bater de asas é o bastante para nos divertir. Alguns de nós de fato ficariam horrorizados só de pensar em capturar um pássaro. Outros fazem disso uma profissão! Os predadores sabem que precisam tentar várias vezes para pegar um esquilo. Somos feitos para nunca desistir antes de conseguir o que queremos. Quando não conseguimos, não sentimos exatamente o que vocês chamariam de desapontamento. Sabemos que perder faz parte do jogo. Só não desistimos. É essa persistência que inspira muitos de vocês a fazer o mesmo quando perseguem seus sonhos e objetivos. Quando os inspiramos a serem grandiosos, nós nos sentimos extremamente felizes e realizados! [in "Conversando com os Cães" de Kate Solisti-Mattelon]



sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Brilho

Arquivo Pessoal


"E nem sei quanto tempo hei de ficar ainda, sozinha e desamparada, brilhando na escuridão, até que minha luz se apague."  [Rachel de Queiroz]

domingo, 24 de dezembro de 2017

Natal Rupestre

Arquivo Pessoal


Natal Rupestre
Ilka Brunhilde Laurito


I
Agachou-se e pariu.

Cortou com o fio dos dentes
o fio da vida
de suas estranhas 
recém-saída.

Agachada, riu-se.

Lambeu com cuidado
a pequenina carne
em sangue e humores
revestida
implantou-lhe na barriga
o caracol d o umbigo.


Fora,
os bisões berravam de pavor
do caçador novo
e faminto,
E um meteoro explodia
uma faísca de luz
no cume
da caverna fria.

Agachou-se e poliu.

Nas mãos sapientes
e instintivas,
as duas pedras
entrelascavam chispas.

Acocorada
sobre o chão de terra,
criou o fogo
de aquecer
a cria.
Calou-se a sede
na fonte pontiaguda
dos mamilos
por onde corri
grossa, nua,
a brancura íntima
do fêmeo corpo escuro.

E urrava baixinho
e engrolava ternamente os chios
modulando grunhidos
de fazer
dormir...


II
Na caverna,
o fogo,
a fome,
a espera.

O grande macho
na guerra
por comida
e peles
O filhote
a prumo
e aos gritos
sobre  o chão
de quedas.

O teto,
espaço aberto.
E o carvão,
traço que o fecha.

A mãe
distrai a cria.
Inventa
a cor e o risco,
narra
o movimento 
do homem
e do irmão bicho.
A mão 
distrai e cria.

A mão,
a mãe,
o filho,
era uma vez,
a escrita.


III
Redondos os seios
no côncavo corpo.
Redondos os montes.
Os olhos, redondos,
um sol, uma lua,
nas grávidas sombras.

Corolas, redondas,
no bojo das flores.
Redondas, sementes.
Redondo seu tronco
de férteis colheitas
nos ocos redondos.

Redondas as pedras
nas ondas dos rios
red.. ondas... red... ondas...
as... ondas... andando...
red... ondas... rod... ando...
rod...ondas... rod... ondas...

Rolou o seixo redondo
no leito seco das mãos:
arco do sol se pondo,
lua rodopiando,
giro oblongo do ovo,
vertigem, voragem, voo.

Olhou a roda nascendo
do pensamento e dos dedos.
Viu o filhote correndo
atrás do veloz brinquedo.
Soube dos aros do  tempo
no eixo do movimento.

E as ondas corriam agora
de suas mãos e de seus olhos.
E os pés calçariam a roda
que acelera haveria a hora
de uma pedra em sua memória.


sábado, 23 de dezembro de 2017

Natal no Duplex de Cobertura

Arquivo Pessoal

"A menininha de sete anos não esperava pela meia noite daquela véspera de Natal. Já ganhara os seus presentes e subira para dormir. Não era costume alguém vir dar-lhe um beijo de boa-noite. Não usava mais: além de careta, poderia implicar perigosa dependência afetiva. No térreo, a família reunida estourava champanha e dançava velhas músicas de uma remota Bossa Nova.
De repente, acordou. Apesar do surdo e constante rumor da cidade de dez milhões de habitantes lá embaixo, a 30 andares, ouviu que alguém andava pelo quarto cuidadosamente. A meia-luz que se coava pela janela aberta, entreviu um vulto rechonchudo. Não sentiu medo. Mas os seus olhos estavam perigosamente fixos e arregalados.
- Quem está ai? É você, vovó? - Sim, gordinha, só poderia ser a vovó: todos os demais da família eram esbeltos, viviam em perpétuo regime de emagrecimento.
- Minha menininha...
- Quem é você?
- Não está vendo, minha filha? Sou Papai Noel.
- Não se mexa. Senão, eu grito.
- Não precisa gritar.
- Mãos ao ar. Se abaixar as mãos, eu grito.
- Sim, minha filha. Estou  com as mãos no ar. Mas não pretendo fazer-lhe mal. Sempre fui recebido muito bem pelas crianças. Já lhe disse: Sou Papai Noel.
- Papai Noel não existe, meu pai me explicou. Você deve ser algum assaltante aí da favela da ... Quer se fazer de engraçadinho comigo?
- Sou Papai Noel. Dou-lhe a minha palavra de honra.
- Quem entra em casa dos outros sem ser convidados é bandido. E não abaixe as mãos. Senão eu grito.
- Não precisa gritar, minha filha.
- Seu gritar, todo o mundo corre aqui para cima. Meu  pais, meus irmãos, meus tios, meus primos. Todos andam armados por causa dos assaltantes como você. Tio Carlos tem até uma Magnun. Os outros tem pistolas e revólveres de 32 e 38, cano curto e cano longo. Você não escapa.
- Não pretendo fugir. Minha filha, você precisa acreditar que  sou Papai Noel.
- Vamos ver. Como chegou até aqui?
- Num trenó puxado por rangíferes.
- Você pensa que eu sou boba pra acreditar nisso? o Departamento de Trânsito não daria licença pra você andar nessa coisa? E como subiu até este andar de cobertura? Como você passou pela segurança, com portão eletrificado, porteiro armado e dois Dobermanns?
- Com o meu poder mágico, minha filha...
- Só uma menina idiota poderia acreditar nisso. Você está armado?
- Só de boas intenções.
- Boas intenções? É algum modelo novo de Winchester?
- Minha filha ... Estou cansado. Posso abaixar os braços?
- Se abaixar, eu grito. 
- Não grite. Olhe, eu provo que sou Papai Noel. Vou fazer você dormir...
- Não tente isso. Se eu sentir que vou piscar, começo a gritar. Você não escapa, eu já disse.
- Não vou tentar. Mas como posso provar que sou Papai Noel?
- Você tem carteira de identidade? Qual é o seu RG? Você tem CIC?
- Ora minha filha! Papai Noel, no seu mundo maravilhoso...
- Se você você é mesmo Papai Noel, onde estão os presentes pra mim?
- Aí no saco.
- Vou examinar. Mas  não se mexa. - A menininha abriu o saco e pôs-se a gritar: - Pega ladrão! Pega ladrão!
Tio  Carlos entrou atirando. O visitante caiu varado de por cinco balas.
Que havia no saco?
- Não toquem - ordenou o dr. delegado. - É a prova do furto. Não! Não pode ser! Não está acontecendo!
Estava acontecendo. Eram os velhos brinquedos da menina, esquecidos pelas gavetas, bonecas sem cabeça, carrinhos sem rodas. O ladrão pretendia consertá-los, dá-los a outras crianças? Mas tudo se desvanecia vagarosamente, docemente... - Não está acontecendo. Ninguém está vendo nada - comandou de novo o dr. delegado.
Sumiram os brinquedos e logo também o saco.
O dr. delegado e um perito lançaram-se imediatamente ao exame do corpo do intruso. Constataram que não estava disfarçado: as suas barbas e cabelos brancos eram naturais. Mas mal se teve tempo de verificar que as polpas dos seus dedos não deixavam impressões, pois o cadáver também começou a evaporar-se...
- Não estão vendo nada. Não está acontecendo nada - insistiu o dr. delegado.
- E estas cinco cápsulas? arriscou constrangido tio Carlos, estendendo os cartuchos vazios ao dr. delegado. Ele as apanhou, examinou-as ligeiramente e guardou-as no bolso. - Não existem mais. - E voltando-se para o grupo perplexo: - O que aconteceu, na realidade, não aconteceu. Não falem do que não aconteceu com ninguém. Difundir boatos pode tornar-se um caso de segurança nacional. Estou advertindo.
- Mas nós acabamos de ver ... - insistiu tio Carlos, que desejava a todo custo ter morto um assaltante, cujo cadáver lhe surripiavam diante dos olhos.
- Nós não vimos nada - disse peremptório, o dr. delegado. - Os srs. não acreditam em disco voador, acreditam? Acreditam na paz mundial? Para o bem de todos, não viram nada. E o caso que não houve está encerrado. Tenham um bom Natal.
Todos se calaram. A família instalou radar para detecção de seres acaso vindos do espaço. E no Natal seguinte, pode cantar em segurança "Noite Feliz! Noite Feliz!"
Dessa vez, não houve intrusos. [texto de Mário Donato in página 2, de Cultura, OESP, a.3, nº 185, 25/12/1983]


sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Arquivo Pessoal



“O céu não está em cima, ou embaixo ou à direita ou à esquerda; está no centro do peito do homem que tem fé.” [Salvador Dalí]





domingo, 17 de dezembro de 2017

O Presente

Arquivo Pessoal


O Presente
Lêdo Ivo

Na noite de Natal
desejo tudo, e é nada
como o gesto de um mudo
descendo uma escada.

Entre tantos desejos
tudo o que é nada é tudo
como o fulgor da estrela
que guiou os  reis magos.

Na noite desta noite
só reclamo um presente
a dádiva da vida
rodeada de amor.

e que completa o mundo
como os pelos dourados 
em redor do umbigo
da minha bem amada.



sábado, 16 de dezembro de 2017

Ouro

Arquivo Pessoal


"... Havia na cidade de Patara um rico comerciante que tinha três filhas. Quando elas chegaram à maturidade, as transações comerciais de seu pai fracassaram e ele entrou em completa falência. Veio-lhe, então, a ideia criminosa de usar a beleza das filhas para conseguir meios de sobrevivência. São Nicolau ficou a par do plano infame e decidiu salvar de tal pecado e vergonha este homem junto com as filhas. Aproximando-se durante a noite da casa do comerciante falido, jogou pela janela aberta, um saquinho com moedas de ouro.
O comerciante, achando o ouro, com grande alegria preparou o enxoval da filha mais velha e arranjou-lhe um bom casamento. Passado algum tempo, São Nicolau jogou pela janela outro saquinho com outo, o suficiente para o enxoval e o casamento da  segunda filha. Quando São Nicolau jogou o terceiro saquinho com ouro para a filha mais nova, o comerciante já estava a sua espera. Prostrando-se diante do Santo, agradeceu com lágrimas por ter salvado sua família de um horrível pecado e vergonha. Após o casamento das três filhas, o comerciante conseguiu recuperar seus negócios e começou a ajudar ao próximo, imitando seu benfeitor."...  [in Papai Noel ou São Nicolau? de Priscila Nunes in 'Oremos', a1, nº6, dezembro 2012]



sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Emociones

Arquivo Pessoal


"Por la vida. Desde estar enamorado al dolor de una pérdida, todos pasamos por las mismas emociones". [Elvis Presley]











domingo, 10 de dezembro de 2017

Dezembro

Arquivo Pessoal

Dezembro
Julita Scarano

Lilazes, as flores caem
Marcam o chão da rua.

Ainda outra vez, dezembro.

Flores fugazes
No asfalto cinza,

Mais uma vez.

A limpadora em amarelo
E mais o vento e o tempo
Jogam o itinerário sentimental:
Infância, infância!

O varredor varre a rua
O vento e o tempo amarelos.
Dezembro,

Mais uma breve vez.





sábado, 9 de dezembro de 2017

Feliz Natal

Arquivo Pessoal


"Depois, desprende-se e caminha para mim, faz que vai me abraçar. Eu até lhe diria não o que penso, mas o que ela espera. Fico com a impressão que lhe vão que lhe vão aparecendo, nos olhos, uma umidade, um brilho. Sinto um medo; vá embora meu cuidado ciumoso. E nada falo. Vá. Ela faz um caído de cabeça, tão seu, joga a cabeleira, enquanto lá atrás, vejo que a mulata leva o avental aos olhos. Mas Marianita se vira e, baixo:
- Seu moleque...
Com a taça na mão, eu fico sem saber, ao certo, se ela me jogou ou não um beijo.
E depois, para os outros, para mim, para os pais, larga alto aquela voz cheia - só dela - antes de partir:
- Feliz Natal!" 
[in  Bolhas Douradas de João Antônio in Cultura nº 185 de 25/12/1983]



sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

domingo, 3 de dezembro de 2017

Essa Esperança Tua...

Arquivo pessoal

Essa Esperança Tua...
Afranio Zuccolotto

Quem não tem do Natal uma lembrança?
Não serei eu que hei de negar jamais;
Eu, que passei Natais... outros Natais,
Desde os tempos - e quantos! - de criança.

Quem não põe no Natal uma esperança
Nascida de puríssimos ideais,
Que em corações humanos são iguais,
De graça e amor num mundo de bonança?

Tu de esperanças vives, minha amiga;
Eu de lembranças vivo do passado.
Permite-me, portanto, que te diga:

Mais do que nunca não porás de lado
Essa esperança tua, embora antiga,
No porvir deste mundo conturbado.



sábado, 2 de dezembro de 2017

Natal

Arquivo pessoal


"Não, não era Natal. Mas aquela alegria viva e infantil com que fui, de repente, agraciada, era puro Natal. Nada, na noite, me autorizava a suspeitar a vinda de qualquer alegria sorrateira. Habituara-me a deslizar no escuro com a naturalidade das topeiras, há tanto tempo a claridade se tornara incômoda. Cultivava os meios-tons. Meu percurso  noturno do quarto à cozinha, quando era despertada pela fome e pela sede, se fazia, com grande desenvoltura, no escuro. Devorara a comida no sofá, iluminada pela parca luz de um lampião de opalina rósea, desligada em seguida." [in "A estrela de Belém" de Rachel Jardim in Cultura/ESP; a.3, nº 185,25/12/1983]





sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Amigos

Executando uma arte antiga



"Amigos, uma família em que os indivíduos elegem-se à vontade."   [Jean Baptiste Alphonse Karr]