sexta-feira, 30 de setembro de 2016

domingo, 25 de setembro de 2016

Ontem, hoje, amanhã... Como simbolizar



Ontem, hoje, amanhã... Como simbolizar
Vicente de Carvalho (1866-1924)




Ontem, hoje, amanhã... Como simbolizar
O passado, o presente, o futuro - as três fases
Da vida? com três frases
De sentido corrente e de uso o mais vulgar:


- Uma saudade; um grande esforço; uma esperança.


Ou antes, e talvez melhor, expondo-as numa
Tríplice imagem que resume a vida inteira:
- Um rosto, luminoso e alegre, de criança;
Duas mãos perseguindo uma bolha de espuma;
E rindo-se (de quê? de tudo) uma caveira.


Nem só o olhar dos olhos de quem ama
Revela o amor que se supõe discreto,
E o mais oculto, o mais medroso afeto
Ingenuamente à luz do sol proclama.


Também a voz, indiscrição bendita,
Trai o amor sob a frase indiferente;
E debalde a palavra finge e mente:
Na voz que treme o coração palpita.


Desvias dos meus olhos infelizes
O teu olhar... Dizes que não... Loucura!
Em tua voz que tremula murmura
Ouço tudo que sentes e não dizes.





sábado, 24 de setembro de 2016

Conversación


" ... Iba a tener tema de conversación com mi hermana para varias semanas - me dije -, aquella atracción repentina hacia el duque de Noland era la cosa más improcedente, inoportuna, temeraria, inesperada, peligrosa,cómica. grotesca y absurda que me había ocurrido jamás. En medio del silencio se escuchaban nuestras respiraciones acompasadas, el murmullo del viento entre los árboles y de vez en cuando, en la lejanía, los graznidos de aquellos patos selvajes."  [in La flor y nata de Mamen Sánchez]






sexta-feira, 23 de setembro de 2016

domingo, 18 de setembro de 2016

Primavera vivida



Primavera vivida
Vicente de Carvalho (1866-1924)


Primavera vivida
De amar e ser amado aos vinte anos em flor,
Entrada triunfal do coração na vida,
Amor, amor, amor!


Rápida travessia
De um mar azul, rasgado entre rochedos nus
Nos quais se ignora o amor, ou a alma se enfastia...
Região lavada em luz


Entre esses dois extremos
Tão próximos - o olhar que ainda não sabe ver
E o que vê - triste fim dos encantos supremos!
O que vale a mulher;


Miragens do desejo, enlevos da esperança,
Só é feliz o amor que espera e não alcança.









sábado, 17 de setembro de 2016

A flor de piel


"Me levanté con él cuerpo agarrotado y los nervios a flor de piel: mi reputación profesional, que hasta entonces era  inexistentes (lo cual  no es ni bueno ni malo, pero le sirve a uno para dormir tranquilo y despertar sin sobresaltos), estaba a punto de ponerse a prueba."  [in La Flor y nata de Mamen Sánchez] 





sexta-feira, 16 de setembro de 2016

domingo, 11 de setembro de 2016

Maria! ... Nome tão doce



Maria! ... Nome tão doce
Vicente de Carvalho (1866 - 1924)




Maria! ... Nome tão doce,
Nome de santa... Parece
Que o digo como se fosse
O resumo de uma prece.


Tem tão mística doçura...
Abre asas à fantasia:
"Maria!" - o lábio murmura
E a alma ecoa: "Ave, Maria!"


Mal sabes tu que despesas
Os olhos com que te sigo,
Que meus olhares são rezas
Ditas baixinho, comigo...


Mal sabes, santa Maria,
Que em tudo que sonho e penso
Teu nome paira e irradia
Como entre nuvens de incenso.


Maria, nome tão doce...
É o teu nome... Parece
Que o digo como se fosse
O resumo de uma prece.


Murmuro-o devotamente:
E a essa oração, se levanta
No meu êxtase de crente
A tua imagem de santa.


E então, alma e olhar submersos
Num clarão de alampadário,
Vou desfiando estes versos
Como as contas de um rosário...







sábado, 10 de setembro de 2016

Crime


[...]
O crime não é apenas uma consequência dos males urbanos, é também um importante fator para a disseminação desses males. O crime nas ruas é o resultado imediato da deterioração da vida nos bairros e da perda do espírito cívico. Representa muitas vezes uma forma de protesto reflexo contra um tipo de vida impossível de controlar, a única maneira pela qual um grande número de habitantes da cidade, enfermos e transtornados, se conseguem fazer ouvir. Uma grande parte dos crimes menores encontra-se, no entanto, ligada aos tóxicos, e estes são controlados por grupos de criminosos. Assim, os narcóticos, que foram por muito tempo um vultoso tráfico em Nova York contribuem hoje, e em larga medida, para o terror das ruas.
Na cidade de Nova York, o crime constitui um negócio que ascende a muitos milhões de dólares. O crime organizado controla o maior quinhão desse tipo de atividade, e representa uma ameaça mais séria à segurança pública do que o crime nas ruas, visto estender a sua influencia corruptora ao seio do próprio governo. O crime que aterroriza a população não é, no entanto, o crime organizado. É o crime nas ruas – assalto a mão armada, estupros, furtos, roubos de toda sorte, saques e vandalismo. Os nova-iorquinos despendem quatro mil dólares anuais no adestramento de cães para assalto e defesa. Instalam três e quatro fechaduras em suas portas; guardas contratados, ou voluntários, vigiam à noite os edifícios.
[...]  [ in 'Os Maiores Crimes de Nova York' de Jonathan Craig e Richard Posner]




sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Três coisas


"Três coisas em demasia e três coisas em falta são perniciosas aos homens: falar muito e saber pouco; gastar muito e possuir pouco; estimar-se muito e valer pouco." [Cervantes]





domingo, 4 de setembro de 2016

Vida, que és o dia de hoje



Vida, que és o dia de hoje
Vicente de Carvalho (1866-1924)






Vida, que és o dia de hoje,
O bem que de ti se alcança
Ou passa porque nos foge,
Ou passa porque nos cansa.


Ainda mesmo quando ocorre
Na vida dos mais felizes,
O prazer floresce, e morre,
A mágoa deita raízes.


Tem alicerces de areia
O que constróis cada dia,
Vida que corres tão cheia
Para a morte tão vazia.


Haverá queixa mais justa
Que a do feliz que se queixa?
Aí, o bem que menos custa
Custa a saudade que deixa.





sábado, 3 de setembro de 2016

Passou pela Vida


“Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida e não viveu!”
[in A vida Amorosa dos Poetas Românticos de Vicente de Paulo e Vicente de Azevedo]