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A um Infeliz
Laurindo Rabelo (1826 = 1864)
Geme, geme, mortal infortunado,
É, fado teu gemer continuamente:
Perante as leis do Fado és delinquente
Sempre tirano algoz terás no Fado.
Mas para não ser mais envenenado
O fel que essa alma bebe, e o mal que sente,
Não te iluda o falaz riso aparente
De um futuro de rosas coroado.
Só males o presente te afiança:
Incrustrado de vermes charco imundo
Se te volve o passado na lembrança.
Busca, pois, o da morte ermo profundo:
Despedaça a grinalda da esperança:
Crava os olhos na campa, e deixa o mundo.