sexta-feira, 30 de junho de 2017

Moradas de Deus

Vivência Lituana, by Lina Gumauskas


"Deus tem duas moradas: uma no paraíso, e a outra em um coração manso e agradecido."    [Isaac Walton]




domingo, 25 de junho de 2017

Velho Rabugento

Mosaico cm cores da Lituânia... by Lina Angélica Gumauskas


Velho Rabugento
Mac Philistine


O que vocês veem, enfermeiras? ……O que vocês veem?
O que vocês pensam .. . quando olham para mim?
Um velho rabugento, … …não muito inteligente.
Incerto de hábito .… … . .. com olhos distantes?
Que baba a comida dele .. . … . . e não responde.
Quando você diz em voz alta . .’Eu queria que você tentasse!’
Que parece não perceber …as coisas que você faz.
E que sempre perde … …… Uma meia ou um sapato?
Quem, resistindo ou não … … deixa fazer o que você quer,
Com comida e banho… .O dia inteiro para ser preenchido?
É isso o que vocês estão pensando?. .É isso o que veem?
Então, abram os olhos, enfermeiras. Vocês não estão olhando para mim.
Vou dizer quem sou … . .. Enquanto fico sentado aqui, quietinho,
Como eu faço pra te servir, .… . já que faço a sua vontade.
Sou uma criancinha de 10 anos . .com um pai e uma mãe,
Irmãos e irmãs .… .. . que se amam
Um garoto de dezesseis anos … .. com asas nos pés
Sonhando que logo logo …… encontrará um amor.
Um noivo de vinte anos … ..meu coração dá um salto.
Ao lembrar dos votos .. .. .que prometi manter.
Aos vinte e cinco agora… . .eu tenho um pequeno só meu.
Que precisa que eu o guie … E um lar feliz e seguro.
Um homem de trinta anos . .… . . O meu pequeno cresceu rápido,
Ligados um ao outro …. Com laços que deveriam durar.
Aos quarenta, meus jovens filhos .. .cresceram e partiram,
Mas minha mulher está ao meu lado . . para ver que eu não me lamento.
Aos cinquenta, mais uma vez, .. …Bebês brincam ao meu redor,
Novamente, sabemos o que são crianças … . Minha amada e eu.
Dias escuros estão sobre mim … . Minha esposa agora está morta.
Olho para futuro … … . E estremeço de medo.
Pelos meus pequenos que estão todos criados .… jovens sozinhos.
E penso nos anos … E no amor que conheci.
Agora sou um homem velho … … .. e a natureza é cruel.
É brincadeira fazer isso na velhice … … . parecer um bobo.
O corpo, ele desmorona .. .. . a graça e o vigor desaparecem.
Agora existe uma pedra … onde antes havia um coração.
Mas dentro desta carcaça velha . Um homem ainda mora,
E de vez em quando … . . o meu coração golpeado, cresce
Lembro das alegrias … . .. . lembro das dores.
E estou amando e vivendo … … . a vida novamente.
Penso nos anos, todos eles, tão poucos …. passam rapidamente.
E aceito o fato áspero … de que nada dura.
Então, pessoas, abram os olhos .… . .… abram e vejam.
Não um velho rabugento.
Olhem mais de perto … . vejam .. .…. …. . EU!

                                                                  [Poema - de - "https:/perfeito.guru/idoso morreu sozinho" / /                                                                    de Fonte - unknownremedy.com, em 22/06/2017]





sábado, 24 de junho de 2017

Flores

Mosaico com cores da Lituânia, by Lina Angélica Gumauskas

... "- Pediu-me que lhe diga que as trouxe para desculpar-se por não havê-la visto esta tarde na galeria. Estava muito pesaroso; disse que não entende como pôde acontecer. Roga-lhe que o desculpe se tiver feito algo que a incomodou. - a criada começou a colocar as flores de talos longos no vaso, entre as do dia anterior - E que os retoques das paisagens... Eram paisagens, verdade? Sim.. que ficaram perfeitos, e que a espera amanhã às dez em ponto para começar a pendurar os quadros. Falando de amanhã, suponho que quererá colocar o vestido de cetim branco para a inauguração; o engomarei à primeira hora. O problema é que falta um botão a uma das luvas que fazem jogo; não entendo como pode ser tão descuidada. Terei que ir ao armarinho, ver se encontro algum que fique bem. olhe, - disse enquanto dava um passo atrás e contemplava o arranjo floral - ficou lindo, não lhe parece? E cheiram divinamente! É maravilho ver algo de cor no inverno.
Maggie olhou os botões de rosas.
- Sim. - disse, mas não pensava nas flores, mas em Jeremy - É verdade." ... [in "Retrato de meu coração" de Patricia/Meg Cabot]




sexta-feira, 23 de junho de 2017

Diferenças

Mar Báltico da Lituânia, by Lina Angélica Gumauskas



"As diferenças existem e é bom que elas existam, porque você tem sempre uma forma de relacionamento cativante e estimulante."      [Nicette Bruno]




domingo, 18 de junho de 2017

Vida

Primavera Lituana, by Lina Angélica Gumauskas


Vida
Camilo Pessanha (1867 - 1926)


Choveu! E logo da terra humosa
Irrompe o campo das liliáceas.
Foi bem fecunda, a estação pluviosa!
Que vigor no campo das liliáceas!
Calquem. Recalquem, não o afogam.
Deixem. Não calquem. Que tudo invadam.
Não as extinguem. Porque as degradam?
Para que as calcam? Não as afogam.
Olhem o fogo que anda na serra.
É a queimada... Que lumaréu!

Podem calcá-lo, deitar-lhe terra,
Que não apagam o lumaréu.
Deixem! Não calquem! Deixem arder.
Se aqui o pisam, rebenta além.
_ E se arde tudo? _ Isso que tem?
Deitam-lhe fogo, é para arder...




sábado, 17 de junho de 2017

Junho Aterrador

Voo da Liberdade, by Lina Angélica Gumauskas


E às noites pela janela,
Por entre galhos estendidos da cerejeira,
Ouço, na Pátria ressoam os grilhões
Para terras distantes ainda deportam os irmãos
De sua terra, de seu santo torrão natal...
a. Danute Lipciute


"Que encantadora e aprazível é a primavera na Lituânia. No entanto o mês de junho daquela primavera sedutora foi, para a nação lituana, muito funesto. No ano de 1940, no dia 15 de junho os bolcheviques se apossaram da Lituânia. Eles destruíram, aniquilaram tudo o que havia sido feito, construído ao longo dos vinte e dois anos. Espezinharam tudo o que era para os lituanos sagrado e valorizado. Um terror medonho varria o país todo. As prisões estavam abarrotadas de "inimigos do povo"; a cada dia os recém aprisionados eram deportados para o longínquo oriente. Mas o lituano duro e teimoso entranhado de corpo e alma a seu país natal, a sua língua e religião - não se rendeu. Defendia seus direitos e não pensava em se amoldar à nova vida.
Não agradou aos novos senhores - eles decidiram afastar todos os que se interpunham aos seus objetivos, aos que não se curvaram ao pai Stalin, não apoiavam suas mentiras e enganações.
Por isto, exatamente um ano após, ao raiar do  dia 14 de junho de 1941, em todas as cidades e aldeias, nos campos e sítios notou-se um inusitado alvoroço: caminhões com membros do NKVD corriam de uma casa a outra, de um sítio a outro.
Por toda a Lituânia ecoou, cheia de medo e angústia, a pergunta - "Quem é levado?", "Porque é levado?" "Para onde é levado?" -  As pessoas tomadas de surpresa não entenderam o que se passava, pensaram que eram levados os "inimigos do proletariado", os "aproveitadores do povo" , os "burgueses". Entretanto enganaram-se dolorosamente. Aos ocupantes não importava se a pessoa tinha posses, se era um coitado, se era funcionário público ou operário, se velho ou moço, se sitiante ou artesão. Importava-lhes, sim todo aquele em cujo peito ardia o fervor do amor à pátria, aquele que amava sua terra respingada de sangue, aquele que não havia vendido sua consciência, seu país, seus irmãos. Não levaram em conta os NKVDistas nem idade, nem preparo, pouco lhes importou se era um velho ou uma anciã mal parando nas pernas, não os comoveram lágrimas nem de mães nem de crianças, nem um tremor sacudiu suas mãos ao arrancarem os doentes de seus leitos.
40.000 pessoas, dentre jovens e velhos, crianças e adultos foram embarcados à força em vagões de transporte, como se fossem os maiores malfeitores, trancafiados, portas pregadas, sem luz, água nem ar puro e assim transportados para as longínquas estepes asiáticas e florestas da Sibéria. Muitos deles não alcançaram o destino final de seu calvário, morreram a caminho dele.
O silêncio opressivo da morte cobriu toda a nação. Cessou o riso, silenciaram as canções. "O que fazer?" , "Para onde correr?" , "Onde se esconder?". Todos temiam, tremiam e se escondiam. As matas se encheram de gente, os cemitérios fervilhavam à noite, as pessoas evitavam pernoitar em suas casas.
O aniquilamento da nação lituana não se encerrou com os acontecimentos de junho. Continuou ano após ano. Muitos de nossos irmãos e irmãs continuaram sendo levados ao longínquo oriente. E quantos dos filhos da Lituânia pereceram nas matas de nossa pátria.
Portanto, uma vez mais a nossa independência recuperada, libertos do jugo comunista e, tendo nós e nosso familiares sobrevividos, não podemos nos esquecer daqueles que perderam a vida longe de sua pátria, separados de suas famílias, de seu país, daqueles que não tiveram a felicidade de festejar a renascida e independente Lituânia.
Junho de 1941 deve ficar inscrito com sangue na história da Lituânia."   [texto/depoimento  de Nina Valavičiene]






sexta-feira, 16 de junho de 2017

Alvorada

Encanto Lituano, by Lina Angélica Gumauskas

"Não se pode chegar à alvorada a não ser pelo caminho da noite." [Gibran Khalil Gibran]





domingo, 11 de junho de 2017

A Dor

Primavera Lituana, by Lina Angélica
Gumauskas

A Dor
Cruz e Sousa (1861 - 1898)


Tôrva Babel das lágrimas, dos gritos,
Dos soluços, dos ais, dos longos brados,
A Dor galgou os mundos ignorados,
Os mais remotos, vagos infinitos.

Lembrando as religiões, lembrando os ritos,
Avassalara os povos condenados,
Pela treva, no horror, desesperados,
Na convulsão de Tântalos aflitos.

Por buzinas e trompas assoprando
 As gerações vão todas proclamando
A grande Dor aos frígidos espaços...

E assim parecem, pelos tempos mudos,
Raças de Prometeus titânios, rudos,
Brutos e colossais, torcendo os braços!




sábado, 10 de junho de 2017

Tradução

Nadando pelo mar báltico, Lituânia, by Lina Angélica Gumauskas



"O documento mais famoso que se conhece da atividade tradutória na Antiguidade é a Pedra de Rosetta: um fragmento de basalto, encontrado em 1799 nas escavações que se faziam numa região banhada pelo braço ocidental do rio Nilo. O lugar tinha o nome de Rosetta, e a pedra ficou com o nome do lugar onde foi encontrada. Na Pedra de Rosetta vê-se um mesmo texto grafado de três maneiras diferentes: em hieróglifos da escrita sagrada do antigo Egito, em caracteres da língua escrita popular egípcia da época, e em caracteres gregos. Foi a partir do estudo dessa pedra que o francês Jean-François Champollion começou a decifrar os hieróglifos do Antigo Egito.
A Pedra de Rosetta data do século II a.C. Mas sabe-se que o imperador Sharrukin, da Assíria, três séculos antes da era cristã, já gostava de ter os seus feitos divulgados por escrito em todas as línguas que se falavam no seu vasto império.
Sabe-se também que entre os babilônios e assírios e hititas existiam organizações de escribas especializados, que escreviam em línguas diversas; sabe-se também que no Antigo Império egípcio (2778-2160 a.C.) existiu o cargo público de “intérprete-chefe”; e que na Ásia Menor circulavam ou existiam glossários bilíngues ou plurilíngues em tabuletas de terracota.
A primeira determinação legal de tradução ocorreu no ano 146, em Roma, quando o Senado romano mandou traduzir o tratado de agricultura do cartaginês Magão. No século I antes da era cristã, o romano Cícero refere-se à tradução que ele mesmo fez dos Discursos do grego Demóstenes, trazendo então à baila a questão da fidelidade às palavras ou ao pensamento do original." [in "O que é Tradução" de Geir Campos]





sexta-feira, 9 de junho de 2017

Trabalho

Mosaico de temática Lituana, by Lina Angélica Gumauskas

"O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra." [Aristóteles]




domingo, 4 de junho de 2017

Esse seu olhar

Mosaico com cores da Lituânia, by Lina Angélica Gumauskas

Esse seu olhar
Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (1927 - 1994)



Esse seu olhar
Quando encontra o meu 

Fala de umas coisas, 
que eu nem posso acreditar.
Doce é sonhar, é pensar, que você 
Gosta de mim como eu de você 
Mas é ilusão 
Quando se desfaz 
Dói no coração, de quem sonhou, sonhou demais 
Ah! se eu pudesse entender 
O que dizem os seus olhos.

sábado, 3 de junho de 2017

Tempos agitados

Jardim lituano, by Lina Angélica Gumauskas

"Os tempos eram agitados. O ano de 1941 anunciava uma década tumultuada no Brasil e no mundo. Do Estado Novo de Getúlio Vargas, o Brasil passaria para as mãos do Marechal Dutra na metade da década. Mas a guerra avançava, agora com a adesão americana. E o mundo estava em pânico: mais de 30 milhões de pessoas foram dizimadas pelo holocausto. A Segunda Guerra Mundial acabou em 1945, deixando mais de cinqüenta milhões de vítimas. O café deixava de ser o pólo de economia brasileira, mas continuava a ser o principal produto de exportação e centro da política econômica internacional. E o Brasil exportava também Carmen Miranda, que partia para fazer a América: 13 filmes, mais de 30 discos e o título de Brazilian Bombshell. O brilho da civi-lização americana atingia os brasileiros: enlatados Swift, rádios Zenith, eletrodomésticos da GE e, para os olhos, lentes Ray-Ban. De Hollywood chegava a máxima: nove entre dez estrelas usam Lever. E descobríamos o chique pelas frestas do cinema. Com Casablanca abria a década com filas e lágrimas. O cinema brasileiro se afirmava com as produções artesanais da Cinédia, e a chegada da Atlântida, que obteria sucesso popular por muitos anos. A primeira produção Moleque Tião revelava uma estrela nacional: Grande Otelo. O rádio estava presente no imaginário do povo, assim como o teatro entretinha a elite. Pascoal Carlos Magno, no Rio, com o Teatro do Estudante, e Alfredo Mesquita, em São Paulo, com O Grupo de Teatro Experimental (GTE) polarizavam, e Cacilda Becker, mocinha, trocava a dança pela arte dramática. Em contrapartida, os Estúdios Disney criavam o Zé Carioca como política de boa vizinhança." [in Isabel Ribeiro, "Iluminada" de Luis Sergio Lima e Silva]





sexta-feira, 2 de junho de 2017

Você é

Mosaico com cores da Lituânia, by Lina Angélica Gumauskas 



"O que você tem, todo mundo pode ter, mas o que você é... Ninguém pode ser." [Paloma Torres]