Soneto XIX
Paulo Bomfim
Ante a partida quanta vez se hesita,
E desenhamos fugas sobre toalhas;
Embarcamos no gume das navalhas,
Indagamos da esfinge que nos fita.
O adeus pertence ao cais, algo nos grita
O nome, outros nos chamam das batalhas,
Um lenço enxuga o suor de nossas falhas,
E remos batem contra a laje escrita.
As mãos, as pobres doidas, lêem no espaço,
Olhos tocando sombra sempre nova,
E silêncios lustrando nosso passo.
Ah! quanta vez se hesita ante a partida,
A esquina é um realejo e a noite aprova
Aquilo que se chega em despedida.