domingo, 28 de junho de 2020

El Poeta

El Poeta
John Keats (1795-1821)

Durante la mañana, la tarde o por la noche
el poeta penetra en el aire encantado
llevando un talismán que llame a los espíritus
de plantas, cuevas, rocas y fuentes. A su vita
la vaina de las cosas se abre hasta su seno,
y todas las esencias secretas que hay allí
muestran los elementos de bondad y belleza,
haciéndola ver donde la Razón está a oscuras.
A veces, con las alas asombrosas, su espíritu
vuela sobre las cosas compactas y palpables
de esta esfera diurna, y con sus destinados
cielos realiza uniones prematuras y místicas,
hasta que esos contactos sobrehumanos emiten
una aureola visible en su mortal cabeza.


sábado, 27 de junho de 2020

Cada ser


"Cada ser está num determinado estágio evolutivo e, portanto, fazendo tudo o que lhe é possível fazer no momento, ou seja, conduzindo-se no agora com o melhor de si mesmo."
[in Sol do Amanhecer de Francisco E.S. Neto]



sexta-feira, 26 de junho de 2020

Luz


"Os pontos Braille são sementes de luz levadas ao cérebro pelos dedos, para germinação do saber." 
[Helen Keller]




domingo, 21 de junho de 2020

The Poet

The Poet
John Keats (1795-1821)

At morn, at noon, at eve, and middle night,
He passes forth into the charned air,
With talisman to call up spirits rare
From plant, cave, rock, and fountain. To his sight
The husk of natural objects opens quite
To the core, and every secret essence there
Reveals the elements of good and fair,
Making him see, where Learning hath no light.
Sometimes above the gross and palpable things
Of this diurnnal sphere, his spirit flies
On auful wing; and with its destined skies
Holds premature and mystic communings;
Till such unearthly intercourses shed
A visible halo round his mortal head.


sábado, 20 de junho de 2020

Número 16

[ ... ]
"– Oi, Monsieur, o número 16. Porém, não pode ter sido ele. Eu tê-lo-ia visto entrar ou sair do seu camarote.
– Talvez não. Mas voltaremos a isso depois. O que importa é saber o que há a fazer
– Disse Bouc, falando a Poirot. O belga encarou-o.
– Venha, meu amigo – disse Bouc. – Compreende o que lhe vou pedir. Conheço a sua capacidade. Encarregue-se das investigações. Não, não recuse. É um caso grave para nós. Falo pela Compagnie Internationale des Wagons Lits. Quando a polícia Jugoslava chegar, seria muito bom que já lhe pudéssemos apresentar o caso resolvido. Senão, teremos atrasos, aborrecimentos e muitos outros incómodos. Talvez, quem sabe, suspeitas infundadas. Em lugar disto... O senhor resolve o mistério e nós diremos: ocorreu um crime... eis o assassino!
– E se eu não o encontrar?
– Ah! mon cher! – Tornou Bouc, com uma inflexão carinhosa na voz. – Conheço-lhe a reputação. Sei alguma coisa acerca dos seus métodos. Este caso é ideal para o senhor. Investigar os antecedentes de toda esta gente, descobrir-lhe a boa fé, tudo isso custa tempo e incómodos. Mas, acaso, não o ouvi dizer frequentemente que para resolver um caso basta recostar-se na cadeira e pensar? Interrogue os passageiros, veja o cadáver, observe os indícios e depois... Eu confio no senhor. Tenho a certeza de que não exagerou os seus méritos. Recoste-se na cadeira, pense... Use (como eu o ouvi dizer) as pequeninas células cinzentas da mente e descobrirá.
E Bouc curvou-se, deitando ao investigador um olhar amigável.
– A sua confiança comove-me, meu amigo – disse Poirot, impressionado. – Como bem diz, este caso não será tão difícil. Eu mesmo na noite passada... Bem, não falemos agora deste assunto. Na realidade, este problema intriga-me. Eu dizia comigo mesmo, há menos de meia hora, que poderíamos contar com muitas horas de tédio, enquanto estivéssemos aqui. E agora... tenho um problema na mão.
– Aceita então? – Perguntou Bouc, aliviado.
– C’est entendu. Pode confiar-me este caso.
– Bem! Estamos todos ao seu dispor.
– Para começar, gostaria de ter uma planta do comboio Istambul-Calais, com o nome dos respectivos passageiros, dos quais gostaria de ver, também, os passaportes e as passagens.
– Encarregue-se disto, Michel.
O empregado retirou-se.
– Quais são os outros passageiros do comboio? – Perguntou Poirot.
– Neste vagão, somente o doutor Constantino e eu; no vagão vindo de Bucareste, um velho aleijado, conhecido do condutor. Os outros vagões não nos interessam, porque só entraram em serviço depois do jantar. A frente da Istambul-Calais há apenas o vagão-restaurante.
– Parece-me – disse lentamente Poirot – que devemos procurar o nosso criminoso no Istambul-Calais. Naturalmente esta é também a sua opinião – concluiu ele voltando-se para Constantino. O médico anuiu.
– Meia hora antes da meia-noite o comboio parou aqui e nenhum passageiro desembarcou, desde então.
– O criminoso está connosco, e no comboio... – disse Bouc solenemente.
[ ... ]
[in Assassinato no Expresso Oriente de Agatha Christie]




sexta-feira, 19 de junho de 2020

domingo, 14 de junho de 2020

Vontade Desembestada

Vontade Desembestada
Aroldo Pereira

Com gosto de sangue na boca
caminho com a rapaziada
não há rumo nem rima
não há quase nada
só uma vontade
desembestada
de fazer chover
poesia na madrugada



sábado, 13 de junho de 2020

Casa das palavras

[...]
"Na casa das palavras, sonhou Helena Villagra, chegavam os poetas. As palavras, guardadas em velhos frascos de cristal, esperavam pelos poetas e se ofereciam, loucas de vontade de ser escolhidas: elas rogavam aos poetas que as olhassem, as cheirassem, as tocassem, as provassem. Os poetas abriam os frascos, provavam palavras com o dedo e então lambiam os lábios ou fechavam a cara. Os poetas andavam em busca de palavras que não conheciam, e também buscavam palavras que conheciam e tinham perdido. Na casa das palavras havia uma mesa das cores. Em grandes travessas as cores eram oferecidas e cada poeta se servia da cor que estava precisando: amarelo-limão ou amarelo-sol, azul do mar ou de fumaça, vermelho-lacre, vermelho-sangue, vermelho-vinho..."
[...]
[ in O Livro dos Abraços - Eduardo Galeano]




sexta-feira, 12 de junho de 2020



"Fé é um oásis no coração que nunca será alcançado pela caravana do pensamento."
[Khalil Gibran]




domingo, 7 de junho de 2020

Terremoto

Terremoto
Domingos Pernias

Treme terra. Em seu fragor intenso,
parece o mundo chegar ao final.
O fio da vida fica suspenso
na destruição, um barulho infernal.

Tudo desaba, e a natureza 
rui, chora e geme. A vida medra.
Há ansiedade, há incerteza.
O vento zumbe, rolam as pedras.

Destrói. Nesse seu agir ignoto,
acomoda o solo o terremoto,
mas em analogia, toda a vida
vai, desaba. Ergue-se, constrói 
no fim da linha, alma de herói,
No seu turbilhonar, consolida.


sábado, 6 de junho de 2020

Intruso


"— Está dormindo? — perguntou o intruso, enquanto encarava o homem na cadeira de rodas outra vez. Ainda sem receber nenhuma resposta, dirigiu a lanterna para o rosto do ocupante da cadeira e parou bruscamente. O homem não abriu os olhos nem se moveu. Quando o intruso se inclinou sobre ele, tocando seu ombro como que para acordá-lo, o corpo do homem tombou de repente, numa posição curvada na cadeira. — Meu Deus! — exclamou, segurando a lanterna. Deteve-se por um momento, indeciso quanto ao que fazer em seguida. Então, lançando o facho de luz por toda a sala, encontrou um interruptor junto a uma porta, e atravessou o aposento para ligá-lo".

[in O visitante inesperado de Agatha Christie]

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Único amigo


"O cão é o único amigo que um homem pode ter neste mundo egoísta. Aquele que nunca o abandona, o único que não conhece a ingratidão ou traição." 
[George Graham Vest]