domingo, 29 de novembro de 2015

Amor Evolutivo

Arquivo CD Expert

Amor Evolutivo
José Afonso Imbá

E Deus criou o homem, o amor
E, por excelência, outras virtudes.
A vida não teria sentido,
se no amanhecer da existência
o Amor estivesse se evadido.
Musa eterna dos poetas.
Dos trovadores, constante companhia.
Cantado em versos, prosa e fantasia,
declinado e definido em todas as formas.
É tudo isto muito comum,
mas, o Amor só se define
na maneira de amar de cada um.
O Amor é alegria, é turbulência, é doce, 
é amargo e por vezes trágico!...
Não há quem não tenha sido
Alvo certeiro da seta de Cupido.
Oxalá o Amor tivesse tanta força
de chegar aos tronos e calar profundo
no coração de quem tem influência
no incerto destino do mundo.





sábado, 28 de novembro de 2015

Café

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... "Ele pressionou o nariz contra a borda do copo para sentir o aroma dos grãos de café. Fechou os olhos e inspirou, sem querer que o sentido da visão interferisse naquele cheiro divino. O copo de papelão estava tão quene, ou suas mãos tão frias, que ele as sentiu queimando; ondas de calor e arrepios percorriam todo o seu corpo. Não tinha noção do quanto o dia estava frio até sentir aquele calor."... [in "O Presente" de Cecelia Ahern]




sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Paraquedas

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"O espírito do homem é como um paraquedas: para funcionar, precisa primeiro estar aberto." [J.J.S. = jan.1972]





domingo, 22 de novembro de 2015

O único caminho

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O único caminho
Vinicius de Moraes (1913-1980) 



No tempo em que o Espírito habitava a terra
E em que os homens sentiam na carne a beleza da arte
Eu ainda não tinha aparecido.
Naquele tempo as pombas brincavam com as crianças
E os homens morriam na guerra cobertos de sangue.

Naquele tempo as mulheres davam de dia o trabalho da palha e da lã
E davam de noite, ao homem cansado, a volúpia amorosa do corpo.
Eu ainda não tinha aparecido.
No tempo que vinham mudando os seres e as coisas

Chegavam também os primeiros gritos da vinda do homem novo
Que vinha trazer à carne um novo sentido de prazer
E vinha expulsar o Espírito dos seres e das coisas.
Eu já tinha aparecido.
No caos, no horror, no parado, eu vi o caminho que ninguém via
O caminho que só o homem de Deus pressente na treva.
Eu quis fugir da perdição dos outros caminhos
Mas eu caí.

Eu não tinha como o homem de outrora a força da luta
Eu não matei quando devia matar
Eu cedi ao prazer e à luxúria da carne do mundo.
Eu vi que o caminho se ia afastando da minha vista

Se ia sumindo, ficando indeciso, desaparecendo.
Quis andar para a frente.
Mas o corpo cansado tombou ao beijo da última mulher que ficara.
Mas não.
Eu sei que a Verdade ainda habita minha alma

E a alma que é da Verdade é como a raiz que é da terra.
O caminho fugiu dos olhos do meu corpo
Mas não desapareceu dos olhos do meu espírito
Meu espírito sabe...
Ele sabe que longe da carne e do amor do mundo

Fica a longa vereda dos destinados do profeta.
Eu tenho esperanças, Senhor.
Na verdade o que subsiste é o forte que luta
O fraco que foge é a lama que corre do monte para o vale.

A águia dos precipícios não é do beiral das casas
Ela voa na tempestade e repousa na bonança.
Eu tenho esperanças, Senhor.
Tenho esperanças no meu espírito extraordinário
E tenho esperança na minha alma extraordinária.

O filho dos homens antigos
Cujo cadáver não era possuído da terra
Há de um dia ver o caminho de luz que existe na treva
E então, Senhor
Ele há de caminhar de braços abertos, de olhos abertos
Para o profeta que a sua alma ama mas que seu espírito ainda não possuiu.


sábado, 21 de novembro de 2015

Primas

Montagem em 20.11.2015

..."Odette tinha vontade de estrangular Veronica desde 1965. Mas resistia ao impulso por Clarice. Clarice não tinha nenhuma grande afeição por Veronica, mas eram parentes de sangue. Tinha que aturá- la, apesar do fato de sua prima ter sido uma pedra em seu sapato desde que Clarice conseguiase lembrar. E agora ela andava pior do que nunca, o exemplo perfeito, pensava Clarice, do que acontece quando muito dinheiro cai nas mãos de um poço ardente de ignorância."... [in Três Amigas, todos os domingos de Edward Kelsey Moore]

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

domingo, 15 de novembro de 2015

Renascer

Arquivo de CD Expert

Renascer
Mauricio Duarte




A resposta do céu
ao mar é a chuva,
a resposta da árvore
à terra é o fruto.

A resposta da noite
ao dia é a Lua,
a resposta do dia
à noite é o Sol

A resposta da terra
ao Sol é a grama,
a resposta da vida
à morte é o nascimento.

O fluxo da existência nos mostra
que a vida continua sempre
no ciclo de surgir e desaparecer,
no ciclo do viver...



sábado, 14 de novembro de 2015

Respirei o livro

Essa escultura é linda
..."O pó do ar era feito do livro que encontrei. Respirei o livro antes de vê-lo; provei o livro antes de lê-lo. O livro tem uma capa vermelha, marmorada. Tem folhas grandes. As folhas são feitas de um papel grosso da cor de amêndoas descascadas. O livro está todo escrito à mão. Está escrito em tinta azul. A tinta é pesada e se acumula em lugares como numa pintura. O papel não absorveu a tinta. A tinta teve de secar antes que o livro fosse fechado ou uma página virada. O azul da tinta é tão escuro que parece preto. O azul só é visível nos floreios finos das serifas ou nas linhas em que a pena calcou menos o papel."... [in A Restauração das Horas de Paul Harding]



sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Importância

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"...que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós" [Manoel de Barros]



domingo, 8 de novembro de 2015

Condolências ao Mundo

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CONDOLÊNCIAS AO MUNDO
Valtier de Barros Veloso

O gosto amargo já me impregnou a boca.
Não vejo mais a luz que me guiava.
Ao meu lado fotografias
e uma caixa de remédios aberta.
Inútil.
A este mundo não há remédio que sirva,
anda moribundo e alienado.
A noite desceu,
caiu e espalhou-se pelo mundo,
agora, o que vejo:
ruas varridas de amargura.
A soma da vida é nula,
o vulto de uma dama de manto negro
passa pela janela
E nesta hora,
onde fracos clamam por santos,
- até então desconhecidos -
eu permaneço calado
pensando no que teria dado errado.
O gosto metálico da foice
mistura-se com minha última golfada de sangue.
Vou. Fica a saudade.
A saudade do que poderia ter sido feito.



sábado, 7 de novembro de 2015

Às vezes

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"...Depois perdi. Mas a vida é assim, certo? Às vezes a gente ganha, às vezes perde. É como diz o ditado. Não há nem tristeza nem felicidade que dure para sempre. Estou por baixo agora, como você pode ver – eu sei, este uniforme não cai bem nem em mim, e isso diz muita coisa – mas esta situação também é temporária. Vou recuperar meus bens e meu status em breve. Você pode apostar sua vida nisso: vou volta ao topo. Até já  tenho um plano..." [in ‘O Livro dos Vilões' de Carina Rissi e outros]




sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Futuro

Montagem em 06/11/2015

"O Futuro tem vários nomes. Para os fracos e covardes, chama-se impossível. Para os comodistas, inútil. Para os pensadores e os valentes, ideal." [Victor Hugo]



domingo, 1 de novembro de 2015

Os Dias dos Mortos

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OS DIAS DOS MORTOS
Paulo Bonfim

Os dias mortos, sim, onde enterrá-los?
Que solo se abrirá para acolhê-los
Com seus pés indecisos, seus cabelos,
Seu galope de sôfregos cavalos!

Os dias mortos, sim, onde guardá-los?
Em que ossário reter seus pesadelos,
Seu tecido rompido de novelos,
Seus fios graves, relva além dos valos.

Tempo desintegrado, tempo solto,
Fátuo fogo de febre e de fuligem,
Canteiro de sereia em mar revolto.

Em nossa carne, sim, em nossos portos,
Quando o fim regressar à própria origem,
Repousarão também os dias mortos!