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Canção da Chuva
"São meus fios de prata que os deuses despedem das alturas; leva-me a natureza, para efeitar os vales.
São minhas essas gotas, joias magnificas, caídas da coroa de Afrodite; apoderou-se de mim a filha da Aurora, e conduziu-me nos campos.
Quando choro, riem os escombros; se me humilho, erguem-se as flores. As nuvens e os campos são dois amantes, e eu estou entre ambos, abrandando o ardor dos campos e aclamando a aflição das nuvens.
A voz do trovão e a espada do relâmpago anunciam o meu advento; o arco-íris denuncia o termo da minha viagem. Assim é a vida; começa pelos pés da Matéria em fúria e termina no regaço da Morte tranquila.
Elevo-me do coração do lago, viajo nas aragens do éter e pairo no jardim, onde desço; sou beijo nos lábios das flores e abraço nos braços dos ramos.
Espiando a calma, vou tamborilar, agradavelmente, com meus dedos, nos vidros das janelas; a melodia que dedilho só as almas sensíveis sabem interpretar.
Gerada pelo calor, eu o elimino; sou assim, como a mulher que vence o homem, com a força que tirou dele.
Sou os suspiros do mar, as lágrimas do céu, os sorrisos dos campo. Assim é o amor: suspiros do mar das paixões, lágrimas do céu dos pensamentos, sorrisos dos campos da alma." [in "Poemas de Gibran" de Gibran Khalil Gibran]