Fotografia de 29.05.2016 |
Hino à Noite
Pierre Louÿs (1870 - 1926)
As massas negras das árvores são imoveis como
as montanhas. As estrelas enchem um céu
imenso. Um ar quente como um bafo hu-
mano acaricia-me os olhos e as faces.
Ó Noite que engendrou os deuses! como és doce
nos meus lábios! como és quente nos meus
cabelos! como penetras em mim esta noite
e como me sinto pejada de toda a tua pri-
mavera.
As flores que hão de florir vão, todas elas, nascer
de mim. É meu hálito o vento respira.
O perfume que passa é meu desejo. Todas
as estrelas estão nos meus olhos.
Tua voz será, acaso, o ruído do mar, ou o silên-
cio da planície? Tua voz, que eu não com-
preendo, faz-me perder a cabeça, e minhas
lágrimas lavam-me as duas mãos.