[ ... ]
O cavouqueiro teve um tremor de todo o corpo.
- Outro quem?! O Firmo?
Rita arrependeu-se do dissera, e gaguejou:
- É uma coisa ruim! Não quero saber mais dele!... Um traste!
- Ele ainda vem cá? Perguntou o cavouqueiro.
- Aqui? Qual! Nessa não caio! E se vier não lhe abro a
porta! Ah! quando embirro com uma pessoa é que embirro mesmo!
- Isso é verdade, Rita?
- Quê? Que não quero saber mais dele? Esta que aqui esta
nunca mais fará a vida com semelhante cábula! Juro por esta luz!
- Ele fez-lhe alguma?
- Não sei! não quero! acabou-se!
- É que então você tem outro agora...
- Que esperança! Não tenho, nem quero mais ter homem!
- Por que, Rita?
- Ora! não paga a pena!
- E... se você encontrasse um... que a quisesse deveras para
sempre?...
- Não é com essas!...
- Pois sei de um que a quer como Deus aos seus!...
- Pois diga-lhe que siga outro oficio!
Ela se chegou para recolher a xícara, e ele apalpou-lhe a
cintura.
- Olha! Escuta!
Rita fugiu com uma rabanada, e disse rápido, muito a sério:
- Deixa disso. Pode tua mulher ver!
- Vem cá!
- Logo.
- Quando?
- Não sei.
- Preciso muito te falar...
- Pois sim, mas aqui fica feio.
- Onde nos encontramos então?
- Sei cá!
E, vendo que Piedade entrava, ela disfarçou, dizendo sem
transição:
- Os banhos frios é que são bons para isso. Põem duro o
corpo!-
[ ... ] [in O
Cortiço de Aluísio Azevedo]