sábado, 30 de setembro de 2017

Letras

Voo da liberdade, by Lina Angélica Gumauskas


"Eu comecei a ler aos quatro anos, em casa. Lia muito, comecei a ler e nunca mais parei. E via meu pai, minha mãe e meu avô com livros na mão. Mas isso não era um hábito apenas da nossa família, ler fazia parte da classe social a que pertencíamos. Eu aprendi a ler muito cedo porque tinha uma gana de saber as histórias que meus pais me contavam. Meu processo de alfabetização foi muito peculiar. Meu pai comprou uma caixinha de bloquinhos de letras e me deu de presente. Disse: Isso é para você brincar. Fazer ponte, casinha, fazer o que quiser. Mas é claro que ele sabia que a gente ia perguntar, porque criança não é burra, e perguntamos que figurinhas eram aquelas. Mas ele relutou em dizer o que aquelas figuras representavam. A certa altura eu insisti: O que é isso aqui?. E ele disse b, e isso é u."   [Tatiana Belinky  ...E Quem Quiser Que Conte Outra  de Sérgio Roveri]






sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Fidelidade

Voo da Liberdade, by Lina Angélica Gumauskas


"Animais são anjos disfarçados, mandados à Terra por Deus para mostrar ao homem o que é fidelidade."  [Artur da Távola]




domingo, 24 de setembro de 2017

Véspera do Amanhã

Voo da Liberdade, by Lina Angélica Gumauskas



Véspera do Amanhã
Olívio Basievisctus

O que importa
é abrir a porta
que fechaduras
tortas
trincos
sem afincos
sufocam
com o abrir
da porta
Segredos em enredos
despidos por talentos
de serem amigos
Em olhos que
olham o tempo
o ato se faz
e se fará
Amor.


sábado, 23 de setembro de 2017

Tempo

Voo da Liberdade, by Lina Angélica Gumauskas

"O tempo tem fim? 
A pergunta seguinte é irmã gêmea da anterior. Se o tempo tem um início (pelo menos o nosso tempo como o conhecemos), teria também um fim? 
Não necessariamente. É fácil pensar em algo que tem começo mas não tem 
fim. Os números naturais, por exemplo. Começam no zero e vão crescendo, de 
um em um, até o infinito. Apresentam um começo claro, o zero, mas não têm 
fim.A pergunta, do ponto de vista prático, deveria ser: o Universo vai acabar um 
dia? Se o tempo como o conhecemos começou com o Universo, no início da 
expansão, então seria natural pensar que se, e quando, o Universo deixar de 
existir, este tempo sobre o qual tanto falamos deixará de existir também. 

O que o futuro nos reserva, então? 

Logo que a expansão do Universo se tornou o paradigma científico da 
cosmologia, uma das perguntas mais pertinentes era: vai se expandir para 
sempre? A única força que então se conhecia capaz de agir em grandes 
distâncias era a força da gravidade (as forças eletromagnéticas, por seu caráter 
bipolar, tendem a se anular no Universo como um todo). E, sendo a gravidade 
sempre atrativa, ela funcionaria como um freio constante para a expansão do 
Universo." 
  [ in O Tempo que o Tempo Tem de  Alexandre Cherman]






sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Amores necessários

Voo da Liberdade, by Lina Angélica Gumauskas



"Vivemos amores necessários e contingentes. Embora o primeiro seja o caminho, o repouso e o segundo vibração e êxtase; ao louvar os amores necessários que tive, não posso esquecer dos outros, que passaram na sombra, mas que nunca deixaram de viver em mim."  [Simone de Beauvoir]




domingo, 17 de setembro de 2017

Temporada

Mosaico com cores da |Lituânia, by Lina Angélica Gumauskas



Temporada
Olivio Basievisctus



Nestas estadias,
noites de brilho
em arte,
em principiar sem
horas contadas
Tempo por luminosidade
de fatos,
que não extintos,
Por força e vigor,
da beleza
viva,
em tempo do Amor.



sábado, 16 de setembro de 2017

Pestana

Sentimento de liberdade, by Lina Angélica |Gumauskas 



"[ ... ]
"O professor entusiasma-se e, após o crescendo até à conclusão, após a conclusão, Pestana pode finalmente levantar o rosto. Esse gesto acompanha uma salva de aplausos ralos. Pestana sente vontade de baixar o rosto de novo, mas não o faz. Enquanto olhava para as mãos, teve esperança num milagre que não aconteceu. Agora que vai falar, está o mesmo público desolado de quando o professor iniciou a palestra sobre a obra: ninguém na primeira fila, ninguém na segunda fila, uma septuagenária ensonada na terceira fila, talvez uma dúzia de pessoas distribuídas por dezenas de cadeiras, como uma boca desdentada. Preferia não ter de falar, mas chegou a sua vez, não lhe reta outro remédio."
[ ... ]"    [in "Um homem célebre" de José Luís Peixoto in "Uns e Outros: contos espelhados"]



sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Mentira

Imagem da Internet


"Aquele que diz uma mentira não calcula a pesada carga que põe em cima de si, pois terá de inventar uma infinidade delas para sustentar a primeira". [Alexander Pope]





domingo, 10 de setembro de 2017

Consolação

Só três, valem o dobro de tudo.
Consolação
Olavo Bilac

Penso às vezes nos sonhos, nos amores,
Que inflamei à distância pelo espaço;
Penso nas ilusões do meu regaço
Levadas pelo vento a alheias dores...

Penso na multidão dos sofredores,
Que uma benção tiveram do meu braço:
Talvez algum repouso ao seu cansaço.
Talvez ao seu deserto algumas flores...

Penso nas amizades sem raízes,
Nos afetos anônimos, dispersos,
Que tenho sob os céus de outros países...

Penso neste milagre dos meus versos:
Um pouco de modéstia aos mais felizes,
Um pouco de bondade aos mais perversos...


sábado, 9 de setembro de 2017

Escritor

Mosaico com cores da Lituânia, by Lina Angélica Gumauskas


"[ ... ]
"Eu não sei se a mulher era respeitável ou não, mas gostava dessa ideia literária da viúva respeitável, eu que um dia sonhei ser um escritor pobre e febril no sótão de um sobrado em Paris com se vivesse num século que nunca existiu com ratos que não roíam rodapés, mas palavras. E talvez orelhas. Um escrito sem a orelha esquerda que pintava girassóis e consoantes pendurados num sol de vogais redondas."
[ ... ]"  [in SIMPLÍCIO  de Eliane Brum in Uns e outros: contos espalhados]




sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Trair

Primavera by Lina Angélica Gumauskas


"É loucura condenar todas as amizades porque uma te traiu... descrer de todo amor porque um deles te foi infiel."   [Anônimo]




domingo, 3 de setembro de 2017

Meiga Fera

Mosaico com cores da Lituânia, by Lina Angélica Gumauskas


Meiga Fera
Olivio Basievisctus

Moldurada em ondulência
de velas
prontas a amar
ao mar
De cinturas ondas
banhando a quem
te olhar
Dança em meio
torpor
que ama ao navegador
levando-o a salvo da 
solidão
Brilha teu todo
infinito
mas belo dito
de saber ao som
da aurora
cantar.


sábado, 2 de setembro de 2017

Velhos Tempos

Nadando no Báltico, by Lina Angélica Gumauskas


"Nos velhos tempos, Hortons Bay era uma cidade de madeireiros. Ninguém que morasse lá conseguiria ficar longe das grandes máquinas da serraria em frente ao lago. Então, um certo ano, não houve mais toras para transformar em tábuas. As escunas madeireiras entraram na baía e receberam a carga de madeira cortada que estava empilhada no pátio. Levaram todas as pilhas de tábuas. No grande prédio da serraria, todo o maquinário móvel foi retirado e içada às escunas pelos homens que haviam trabalhado lá. O barco deixou a baía rumo ao lago carregando as duas grandes serras, o carro que jogava as toras contras as serras circulares a girar e todos os rolamentos, engrenagens, cintas e peças de ferro, tudo empilhado sobre o casco repleto de madeira. Quando cobriram o porão da embarcação com lona, amarrando firme, as velas da escuna inflaram-se e o barco partiu para o lago, levando tudo o que fez a serraria ser uma serraria, e Hortons Bay, uma cidade."             [in "O fim de algo" de Ernest Hemingway in 'Uns e Outros: contos espelhados.']




sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Rir

Fotografia de 08/05/2017




"O tempo que passas a rir é tempo que passas com os deuses."
[Provérbio Chinês]