domingo, 3 de janeiro de 2016

Soneto

Imagem de Arquivo pessoal


Soneto
Fagundes Varela  (1841-1875)

Eu passava na vida errante e vago
Como o nauta perdido em noite escura,
Mas tu te ergueste peregrina e prua
Como o cisne inspirado em manso lago.

Beijava a onda num soluço mago
Das moles plumas a brilhante alvura,
E a voz ungida de eternal doçura
Roçava as nuvens em divino afago.

Vi-te; e nas chamas de fervor profundo
A teus pés afoguei a mocidade
Esquecido de mim, de Deus, do Mundo!

Mas ai! cedo fugiste!... da soidade,
Hoje te imploro desse amor tão fundo
Uma ideia, uma queixa, uma saudade!



Nenhum comentário:

Postar um comentário