domingo, 1 de janeiro de 2017

O Relógio

Imagem scaneada de uma antiga revista

O Relógio
Salomão Jorge (1902 - Falecido)


No meu quarto sem luz, sofro sozinho,
Vendo-te, sombra pálida de alguém,
De alguém que é o meu consolo e o meu carinho,
Única aspiração, único bem!

Estrela da manhã do meu caminho,
Ninguém como eu te quer, ninguém, ninguém...
Sem ti não beberia o amargo vinho
Da vida, rosa ideal que nunca vem!

E de ti como escalda a minha sede!
Tudo parece ter pena de mim,
Mesmo o velho relógio da parede!

Relógio! - Ela virá? - Pequeno em  vão.
O ponteiro seguindo diz que sim,
E o pêndulo chorando diz que não.



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