domingo, 12 de abril de 2015

A Última Esperança

Imagem de Arquivo Pessoal


A Última Esperança
Salomão Jorge (1902- Falecido)


Fui árvore orgulhosa e sobranceira,
Que enfrentou os embates mais violentos,
Ao clarão do relâmpago, altaneira,
O penacho da fronde aos quatro ventos...

A volupia do sol, floria inteira,
E sazonava em frutos sumarentos;
Vinham de longe peregrinos poentos
Buscar a minha sombra hospitaleira.

Mas o inverno venceu-me, e eterno luto
Veste-me o tronco torto e encarquilhado,
Perdi as folhas, seiva, flor e fruto.

Até as aves foram-se - que sina! -
Tronco nu, sou o espectro do passado,
A espera só do raio que fulmina...



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