domingo, 13 de setembro de 2015

Temporal

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Temporal
Gilka Machado (1893-1980)

No  aconchego nupcial dos ninhos silenciados
sentem de um pesadelo a tétrica tontura
as aves, despertando aos repetidos chiados
do mato se estorcer dentro da noite escura.

Tudo acorda. Há no horror dos céus congestionados
a trágica expressão de uma etérea loucura:
Soam sinistramente uivos, lamentos, brados,
em seus dedos o vento as árvores tritura.

Cose rasgões de céu uma ignivoma agulha,
toda a floresta é  um mar cheio de ímpetos de ondas
que em arremessos ronca e em recuos marulha.

Num frio estilicídio a água estreleja agora,
rápido o raio risca a treva, e estala, e estronda!...
- o mato arqueja... o vento geme... a chuva chora...



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