Jardim lituano, by Lina Angélica Gumauskas |
"Os tempos eram agitados. O ano de 1941 anunciava uma década tumultuada no Brasil e no mundo. Do Estado Novo de Getúlio Vargas, o Brasil passaria para as mãos do Marechal Dutra na metade da década. Mas a guerra avançava, agora com a adesão americana. E o mundo estava em pânico: mais de 30 milhões de pessoas foram dizimadas pelo holocausto. A Segunda Guerra Mundial acabou em 1945, deixando mais de cinqüenta milhões de vítimas. O café deixava de ser o pólo de economia brasileira, mas continuava a ser o principal produto de exportação e centro da política econômica internacional. E o Brasil exportava também Carmen Miranda, que partia para fazer a América: 13 filmes, mais de 30 discos e o título de Brazilian Bombshell. O brilho da civi-lização americana atingia os brasileiros: enlatados Swift, rádios Zenith, eletrodomésticos da GE e, para os olhos, lentes Ray-Ban. De Hollywood chegava a máxima: nove entre dez estrelas usam Lever. E descobríamos o chique pelas frestas do cinema. Com Casablanca abria a década com filas e lágrimas. O cinema brasileiro se afirmava com as produções artesanais da Cinédia, e a chegada da Atlântida, que obteria sucesso popular por muitos anos. A primeira produção Moleque Tião revelava uma estrela nacional: Grande Otelo. O rádio estava presente no imaginário do povo, assim como o teatro entretinha a elite. Pascoal Carlos Magno, no Rio, com o Teatro do Estudante, e Alfredo Mesquita, em São Paulo, com O Grupo de Teatro Experimental (GTE) polarizavam, e Cacilda Becker, mocinha, trocava a dança pela arte dramática. Em contrapartida, os Estúdios Disney criavam o Zé Carioca como política de boa vizinhança." [in Isabel Ribeiro, "Iluminada" de Luis Sergio Lima e Silva]
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