Arquivo Pessoal |
"Depois, desprende-se e caminha para mim, faz que vai me abraçar. Eu até lhe diria não o que penso, mas o que ela espera. Fico com a impressão que lhe vão que lhe vão aparecendo, nos olhos, uma umidade, um brilho. Sinto um medo; vá embora meu cuidado ciumoso. E nada falo. Vá. Ela faz um caído de cabeça, tão seu, joga a cabeleira, enquanto lá atrás, vejo que a mulata leva o avental aos olhos. Mas Marianita se vira e, baixo:
- Seu moleque...
Com a taça na mão, eu fico sem saber, ao certo, se ela me jogou ou não um beijo.
E depois, para os outros, para mim, para os pais, larga alto aquela voz cheia - só dela - antes de partir:
- Feliz Natal!"
[in Bolhas Douradas de João Antônio in Cultura nº 185 de 25/12/1983]
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