domingo, 14 de outubro de 2018

Mosaico



Mosaico
Paulo HenriquesBritto



Os dias a amontoar-se
como se rumo a um sentido,
algo que se assemelhasse
a uma meta, ou um destino,


mas formando (sem sabê-lo,
claro — o que sabem os dias?)
uma estrutura em relevo,
espécie de marchetaria,

 com padrão indecifrável
(por não seguir um projeto),
mas assim mesmo um resguardo,
um remédio contra o medo


de nada haver — nem padrão,
nem projeto, nem destino —
no mundo, nada senão
o amontoar-se dos dias.




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