domingo, 30 de outubro de 2016

Soneto XIX


Soneto XIX
Paulo Bomfim


Ante a partida quanta vez se hesita,
E desenhamos fugas sobre toalhas;
Embarcamos no gume das navalhas,
Indagamos da esfinge que nos fita.

O adeus pertence ao cais, algo nos grita
O nome, outros nos chamam das batalhas,
Um lenço enxuga o suor de  nossas falhas,
E remos batem contra a  laje escrita.

As mãos, as pobres doidas, lêem no espaço,
Olhos tocando sombra sempre nova,
E silêncios lustrando nosso passo.

Ah! quanta vez se hesita ante a partida,
A esquina é um realejo e a noite aprova
Aquilo que se chega em despedida.



Nenhum comentário:

Postar um comentário