domingo, 18 de agosto de 2019

Isso eu quisera



Isso eu quisera
Dilena Sampaio Antonacio




Quisera...
Quisera eu
que na terra existisse um ente
ilibado para julgar-me com eloquência...




Quisera...
Quisera eu
premir ainda com as mãos convulsas
as de alguém que uma gota da minha dor sentisse...




Quisera...
Quisera eu
perpassasse ao menos meu ambiente
alma de serafim que ao de leve percebesse a minha...




Quisera...
Quisera eu
falar em sã consciência ao benfazejo discernir
ao recebe-lo em minha atual morada.




Quisera...
Quisera eu
que me secasse as lágrimas
não fosse minha filha recém-vinda.




Quisera...
Quisera eu
saber o idioma dos ciclones e dos alísios
para desviá-los do que é frágil, das crianças...




Quisera...
Quisera eu
esperar as asas pálidas dos sonhos jovens
desconhecendo nas cãs a estrela gélida do arrôjo.




Quisera...
Quisera eu
não buscar o fulgor da poesia de sol a sol
nem ser a ânfora onde há anjos para a Terra...




Quisera...
Quisera eu
tocar o mínimo da força intelectiva...
livrar-me dos momentos obscuros, delíquios do invisível...




Quisera...
Quisera eu
dizer-me, a mim mesma: Basta-te de ti!
Livra-te da Terra o foge entre os anjos lá no céu!...




Quisera...
Quisera eu
sair da letargia do desencanto
e não ter agora as tranças entre as mãos...


Isso eu quisera...
Quisera, sim, meu Deus!...




 



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